MILAGRES

Nascimento

Demorei um tempo para começar a escrever sobre milagres, precisava me organizar, me conhecer melhor, orar e pedir a direção de Deus sobre o assunto.

Muitas vezes nos pegamos questionando se milagres realmente existem, os testemunhos que ouvimos, os filmes que já foram feitos sobre famílias que foram agraciadas com algum milagre, os textos bíblicos que relatam os milagres que Deus operou ao longo do Velho e Novo Testamento, mas ainda assim nos perguntamos, milagres realmente existem ?

Decidi finalmente dizer que milagres exitem com certeza, e eu sou a prova de um grande milagre, nasci em 1964, no primeiro ano de vida meus pais relatam que desenvolvi o que a princípio foi considerado uma simples alergia, pequenas brotoejas surgiram em minha pequena face de bebê.

Na década de 60 não havia a tecnologia que se desenvolveu na atualidade, exames sofisticados ou medicamentos apropriados, ocorre que o que foi considerado uma simples alergia evoluiu para feridas purulentas que se espalharam por todo meu pequeno corpo.

Nos meu primeiros anos de vida meus pais não haviam se convertido ainda ao evangelho, eram frequentadores da Igreja Católica, como muitos cidadãos da época, rezavam, faziam promessas, e claro me levaram para o batismo na Catedral de Aparecida do Norte.

Minha mãe me conta que muitas vezes ia a locais de mata para procurar ervas para me banhar, o que segundo ela, acalmava as coceiras e amenizava o mal cheiro que as feridas provocavam. Fui um bebê que não tinha atrativos, na verdade provocava asco, uma ferida humana horripilante, não tinha pele e nem cabelo, o qual assim que despontava no couro cabeludo logo caia junto com o couro.

Quando estava com 4 anos meu pai se converteu, um tio que era irmão do meu pai o apresentou Jesus Cristo, e meu pai passou a frequentar uma Igreja Evangélica que na época ficava uns 40 minutos a pé distante de nossa casa. Estranharam, mas é isso mesmo, famílias sem recursos só andavam a pé, ou de bicicleta se precisavam ir a distâncias mais longas, que é como meu pai geralmente ia para o trabalho.

Num culto de oração meu pai decidiu me enrolar numa toalha e me levou para que o pastor e os irmãos daquela época orassem por mim, o pastor sabiamente explicou a meu pai que não podia garantir minha cura, os irmãos podiam orar, mas só Deus poderia decidir se eu viveria ou morreria. Meu pai me lembra que na época só pediu ao pastor que por favor orassem e o que Deus determinasse fosse rápido, visto que já desde meu primeiro mês a situação se agravava sem possibilidade de cura e sem os médicos identificar o que seria aquela doença.

Nas semanas seguintes o milagre se iniciou e minhas feridas foram secando, minha pele foi restaurada e meu cabelo começou a crescer. Me lembro que nos primeiros anos de escola, ainda tinha algumas feridas em minha cabeça, entrei na escola aos 6 anos, e logo já percebi o que significa exclusão, humilhação e discriminação. As crianças não chegavam perto de mim, na fila para entrar na sala, a professora, que era uma pessoa doce e amorosa, segurava minha mão para eu não ficar sozinha.

Ao longo dos anos seguintes fui crescendo e aprendendo que Deus tem propósitos para nossas vidas e que mesmo nas circunstâncias mais difíceis sempre haverá anjos preparados por Deus para te amparar, te consolar e cuidar da sua vida.

Adolescência

Comecei a trabalhar aos 14 anos, já com o primeiro registro em carteira. Naquela época, a maioria dos adolescentes como eu, de família simples e humilde, trabalhava para ajudar a família. Sofríamos inúmeros tipos de perseguição, as vagas a nós destinadas, geralmente era de trabalhos inferiores e com menores salários. Como já citei acima, meus pais se converteram e nos ensinaram a frequentar os cultos e escola dominical. Tínhamos uma vizinha, muito amorosa, que nos levava aos sábados a tarde na escola bíblica de uma igreja Batista bem próximo a nossa casa.

Eu louvo a Deus por todo esse ensinamento, tive a oportunidade de participar de vários trabalhos na igreja, ser professora na escola dominical, trabalhar com crianças e aprender a cada dia ler a bíblia, orar, consagrar e crescer na presença do Senhor Jesus.

Como é normal na vida de todo jovem, enfrentei diversas situações difíceis quanto aos meus sentimentos, meus valores, minhas verdades, meu lugar no mundo. Quando se é cristão, jovem e faz parte de uma família simples e tradicional, que preserva os valores mais conservadores, se enfrenta ainda a afronta dos que não aceitam seu modo de viver, de se vestir e sua visão mais firme dos conceitos e certo e errado.

Ao longo dos anos, senti a necessidade de estudar muito, fazer vários cursos, me aperfeiçoar nos conhecimentos da vida secular e também da vida espiritual, passei por diversas provas e muitas vezes cheguei a pensar que não merecia nenhum reconhecimento ou qualquer tipo de amor.

Deus, em seu infinito amor e cuidado, a cada passo do caminho, me proporcionou conhecer pessoas que me ajudaram, me amaram e me ensinaram como o cuidado de Deus nunca falha. Recebi a indicação e bons livros para me ajudar a conhecer melhor o poder e a misericórdia de Deus. Conheci muitas igrejas, participei de eventos para aprender a ter discernimento e escolher quais deveria apreciar e quais descartar.

Vivemos todos os acontecimentos e mudanças que aconteceram em nosso país nos aos 70, 80, 90 e chegamos ao ano 2000. No ambiente de trabalho, nas empresas em que estive, sofri humilhações, desfavorecimentos, e afrontas, mas graças a Deus, também recebi muito carinho, possibilidade de fazer vários cursos, a universidade e o mais importante, compartilhar com muitas pessoas, todos os milagres que Deus operava na minha vida.

Muitas vezes pensamos que milagres, são aqueles onde cegos voltam a ver, paralíticos voltam a andar, e esquecemos dos pequenos milagres que Deus nos proporciona a cada dia. Acordamos todas as manhãs, respiramos, temos o pão para o café da manhã e o trabalho para suprir as necessidades de nossa família. Cada detalhe, cada pequeno ganho de conhecimento, saúde, sorriso, são milagres que não podem ser ignorados, mas sim agradecidos, pois, a vida que vivemos, as experiências, são o legado que deixamos para nossos filhos.

Adulta

Muito tempo passei chorando, me sentindo abandonada, é isso mesmo, não adianta achar que a vida na presença do Senhor Jesus é um lindo caminho dourado, uma fantasia de contos de fadas. A bíblia é bem clara e  Jesus nos deixou seus ensinamentos e experiências que vivenciou quando passou pela terra "... no mundo tereis aflições, mas tende bom animo, eu venci o mundo ... ".

Como já mencionei acima, fui criada numa família simples, com valores tradicionais e fui educada para encontrar um marido, me casar, ter filhos e cuidar da casa, porém sempre procurei ter uma boa compreensão de como tudo isso deveria acontecer. Meus sentimentos sempre foram um tanto confusos, ao mesmo tempo que concordava com os ensinamentos que recebi, questionava se poderia viver como uma simples esposa, mãe e dona de casa e onde acharia o tal marido que sempre mencionavam que toda mulher deve ter.

Conheci alguns rapazes, me apaixonei, sofri, chorei e vi o tempo passar, meus irmãos se casaram, tiveram filhos, primos e primas também e por fim a maioria de meus amigos e amigas estavam se casando e tendo filhos, e eu, bem, ainda estava tentando entender meu caminho e propósito na vida.

Durante todo esse processo, Deus usou diversas pessoas para me orientar e me dizer que tinha um propósito já escrito para minha vida e um plano que no mundo espiritual estava completo, mas eu não estava pronta, precisaria ainda passar por mais algumas experiências para aceitar o plano de Deus para minha vida.

Muitas vezes achamos que Deus nos esqueceu, que as provas que nos alcançam são um castigo de Deus e passamos horas a fio perguntando o porque de estarmos sendo provados. Faz um tempo que aprendi que na verdade devemos entender para que Deus nos prova e nos prepara para os passos seguintes.

Nesse meu caminho, Deus me permitiu conhecer um rapaz alguns anos mais jovem do que eu, era inteligente, com uma aparência adorável e encantava todos que o conheciam, era irmão de uma amiga que estudara comigo na infância.

Quando me dei conta, estava apaixonada, o rapaz frequentava minha casa diariamente, me levava ao trabalho, e a todos os lugares que eu precisava, não se enganem, não era por amor a minha pessoa, ou por interesse em me fazer feliz, na verdade ele tinha um pai alcoólatra e o ambiente em sua casa era muito complicado, Ele estudava engenharia civil e como meu pai trabalhava com reformas e conhecia muito de construções, o tempo que passava na minha casa era para trocar experiência com meu pai e aprender com ele, ou seja, eu fui só um meio para que encontrasse um ninho onde se abrigar.

Demorou um tempo para que eu pudesse compreender que tudo aquilo estava me fazendo muito mau, fiquei depressiva, tive várias noites de insônia, passei a me alimentar cada vez menos e estava adoecendo aos poucos. Nesse tempo, Deus me permitiu muitos momentos de jejum, consagração, leitura bíblica e mais frequência a cultos de vigília. Graças a Deus, sempre fui guardada em Cristo, nunca aceitei me corromper, me entregar aos caprichos e desejos carnais. Mesmo estando tão próxima desse rapaz, na verdade nunca me envolvi de fato com ele, na minha mente me senti apaixonada, mas a reciproca nunca foi verdadeira, nem correspondida.

Me lembro de um dia em que estava a conversar com uma amiga que estava prestes a se casar, eu estava triste e disse a ela que provavelmente eu nunca me casaria, já tinha mais de 30 anos e nas igrejas mais conservadoras os jovens se casam muito cedo, então seria quase impossível eu conhecer algum jovem da minha idade que ainda estivesse solteiro ou que tivesse interesse em se casar comigo.

Passaram-se alguns dias e num domingo a tarde eu estava realmente muito triste e já não acreditava se minha vida poderia mudar, nesse tempo Deus já tinha afastado da minha casa o tal rapaz e novamente eu me sentia muito sozinha. Lembrei-me de uma irmã que conheci numa das vigílias que estive, uma mulher cheia da graça de Deus e que se tornou uma amiga muito amável, liguei para ela e pedi oração, compartilhei que estava me sentindo muito triste, e mais uma vez Deus em seu infinito amor me respondeu através daquela irmã, renovou sua promessa que tinha um plano perfeito para minha vida e que só faltava eu aceitar esse plano, precisava abrir mão dos meu próprios planos, dos meu conceitos pré-concebidos e verdadeiramente, aceitar o que Deus projetara para mim.

Não é fácil cumprir o mandamento de Jesus, renunciar a si, confiar plenamente que Deus sabe exatamente o que você precisa e que sempre vai te surpreender além do que se possa imaginar, pois é, naquela tarde eu finalmente entendi e peguei minha bíblia, li alguns versículos e então consegui orar e entregar todos os meu sentimentos nas mãos do Pai que sabe de todas as coisas, pedi que o Senhor limpasse minha mente e meu coração de tudo o que vinha impedindo a obra de Deus na minha vida, pedi que o Senhor me guiasse para obedecer e aceitar seus planos para minha vida e ainda pedi que o Senhor me honrasse com um companheiro puro, eu não tinha me deixado contaminar, então não queira um homem "usado".

Talvez se você chegou até aqui pode estar pensando que sou maluca, mas a bíblia nos diz que o que aos homens parece loucura, só se entende pelo espírito. Passadas algumas semanas conheci o meu marido num chat de bate papo na internet (um grupo que compartilhava discussões literárias), eu morava em São Paulo e ele em Marília, interior de São Paulo. No começo ele se mostrou muito sério, trocamos algumas mensagens, e como faziam vários membros do grupo do chat, perguntei se podíamos trocar telefone, para minha surpresa ele ficou muito bravo e deixou de aparecer no chat por vários dias. Passado um tempo ele voltou, eu me desculpei e expliquei que vários membros do grupo tinham essa prática para fazer amizade e inclusive se encontravam presencialmente para compartilhar discussões filosóficas e literárias.

Na época esses chats tinham salas que ficavam vazias, então concordamos em mudar para uma dessas salas para conversarmos melhor, bem conseguimos nos entender e começamos a nos falar todos os dias, ele pediu meu telefone e passou a me ligar. Ficamos conversando por internet e telefone por oito meses, detalhe ele não era evangélico, mas tinha o temor de Deus, conhecia a palavra e ia a missa todos os domingos, interessante que quando me ligava aos domingos, compartilhávamos a palavra que havíamos escutado. Depois de um tempo decidimos que já estávamos namorando, então falei que em algum momento precisamos nos conhecer pessoalmente, e incrivelmente ele me esclareceu que se fosse para ir a minha casa me conhecer e conhecer meus pais, seria para nos casarmos, e assim fui pedida em casamento, conversei com meus pais e aceitei. Ficamos noivos aproximadamente um ano depois e com mais um ano nos casamos, eu larguei tudo em São Paulo e me mudei para a casa que meu marido já tinha comprado em Marília.

Bom aqui quero fazer alguns esclarecimentos, quando conheci meu marido foi como se já fosse um amigo de longa data, visto que estávamos  conversando a vários meses, um homem de aproximadamente 1,80m e 120 kg. Sempre quando conversávamos, antes de o conhecer, ele sempre me dizia que não gostaria dele, era tímido, gordinho e muito introspectivo, mas lembram como Deus me permitiu passar por muitas experiências no passado, lembram do rapaz que mencionei, que encantava todo mundo, pois é, no fim se revelou alguém que só me fez mau, então Deus me ensinou uma grande lição, quando Deus tem algo especial para você, não se prenda a aparência, busque qual o propósito de Deus e deixe que o Senhor te ensine a aceitar a alegria que só Ele pode dar.

Meu marido é o homem mais doce e carinhoso que conheço, detalhe, nunca teve namorada antes de me conhecer, Deus me honrou com um homem muito mais que especial, tem um coração cheio de bondade e solidariedade, me incentiva a cada dia a ser melhor e juntos crescemos diante do Senhor.

A vida nos surpreende todos os dias, nossa jornada é cheia de provas e em todas elas o Senhor estará diante de nós, comecei uma nova jornada, novos aprendizados, adaptação não só na convivência com meu marido, uma nova cidade, uma nova família. Certamente muitos desafios se apresentam, muitas provas surgirão e o que precisamos é continuar a confiar que o Senhor é quem nos guia.

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